quinta-feira, 14 de abril de 2011

Preso em mim



As sentenças são as algemas
Com as quais mantenho-me moldado à mim mesmo
redundante
Corpo, palavras, mente
São meus, exclusivos. Eu
Apesar do ano à força
Sigo colabado em meu próprio vácuo
Outra terra, novos ares
Velho eu
Neste debater prendo a língua entre os dentes
Tentando ser quem não posso
Irracional raciocino
Sem atingir conclusão alguma
Além do retorno ao início desta convulsão
Interna
Silenciosa
Exclusiva
Só minha
Algemado aos antigos caminhos
Tortuosos das minhas sentenças
Aquelas que a mim, definem
Olho para a folha espelho
Não reconheço meu próprio reflexo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Exteriorize


Encontre com todos, cate o mundo que te exterioriza
Que nos cerca
Há tanto ao teu redor

Cansa de ti mesmo, faz da tua náusea, cor.
Da angústia e desse vazio que paradoxalmente te completa
Amealha um outro sopro, qual nova luz.

Isso tudo que a ti exterioriza, carreia para dentro de ti
Afinal, nada há mais aí que angústia e vazio.
Nadifica o que não presta,
Ajoelha aí as lágrimas, pedindo perdão a teus dentes
pela ausência do sorriso nos últimos tempos.


E tudo está aí, é só servir-se.
Há para todos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

escolha feita


Forço a vista, busco enxergar o que virá. A velhice do futuro confunde-se à velhice de meus pais. E tudo são escolhas, para tudo há conseqüências. Ficar e ver a morte ou sair e ser informado?


Vou-me longe, muito distante. Mas quero saber tudo, não deixem-me ignorante. O fardo vai comigo, sempre. Não importa o caminho que trilhe, mesmo que fique, o peso lá estará.


Sou filho e isto não muda nunca. Não há distância que desfaça meu sangue, oceano que separe minha aparência. Sou familiar a poucos. Sorrio muito pouco, e quando o faço, é a eles apenas. Sangue do meu sangue ou companheira escolhida. Apenas eles me conhecem.


O oceano que se dane. Eles estão comigo em qualquer lugar. Apenas deixem-me informado, por favor.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

um ponto qualquer


de algum ponto de uma vida qualquer
sossego palavras alinhadas
alinhavo pensamentos
descosturo a existência

em um dia
o trailer do que resta
editado pelas fantasias
o suspense por conta das mágoas idas
a troca de cenas comandada pelos semáforos

o que não se registra
esvanece depois da noite de sono

a cada dia outro script
tecido pelo dia qualquer
da minha ou de outro vida

outro, não outra
pois hoje não repito quem fui

aquele de ontem
lá ficou.
no ponto dele qualquer,
munido hoje de vida alguma.

domingo, 2 de agosto de 2009

Segue


enquanto desperdiço alguns minutos esperando um sinal
o tempo segura-se às cinzas
e uma vida inteira é pouco para o tanto de dias que necessito

temo o futuro
temo a mudança no mirar
o olhar furtivo para o relógio
temo tanto, temo tudo, tenho tudo
aos pés

uma linha eterna até onde deixo de enxergar
até a morte, até o fim.
esse eu temo menos

meu medo está em ti diversa
em ti velha
em nós depois
por favor, não olhe no relógio quando eu levantar-me da mesa
mas não faça isso por pedido meu

mesmo depois
quero que envelheças ao redor do teu olhar
prometo deixar o relógio em um canto qualquer
e achar que vale à pena não ser títere
pois há tanto por vir, começo agora.